Hospitalidade, paternidade e liderança

Hospitalidade, paternidade e liderança

Para todos que trabalham no segmento da hospitalidade, gerir times segue sendo um dos grandes, se não o maior, desafio profissional.

Seja pela escassez de mão de obra ou falta de postulantes a ingressar nesse intenso e complexo mercado de trabalho. Longas e extensas jornadas, salários baixos, condições precárias, lideranças mal preparadas, trabalho aos finais de semana e feriados, pouco tempo com a família… são inúmeras as causas que tornam esse mercado exaustivo e difícil.

Por isso ainda há tanta gente que defina a paixão como a verdadeira razão pela qual valha à pena dedicar a vida para o mercado da hospitalidade. É preciso ser verdadeiramente apaixonado para construir uma vida profissional consolidada e dedicada a esse ofício.

Uma segunda grande parte desse problema, passa pela incapacidade das empresas de entender o treinamento, capacitação e desenvolvimento de seus times como parte de um processo natural e rotineiro no dia a dia dos negócios, como um ciclo “virtuoso” contínuo. 

Dedica-se tempo e dinheiro apenas para aquilo que pode ser mensurado com números ou com coisas que tragam resultados imediatos. Não há gente dedicada a essa função de “apenas” treinar, não há um mindset ou processos bem estruturados, com pensamento de longo prazo, focados na construção de reputação das marcas.

Tudo que há, são apenas intenções de salvar o resultado do próximo mês. Projetos de expansão seguem surgindo aos montes sem qualquer menção sobre como multiplicar e disseminar conhecimento.

Criam-se hordas de times incapacitados que atuam em bando, sem direção, como uma revoada de andorinhas.

Assim também, como são gastas milhares de horas em reuniões inúteis sobre como os negócios podem captar mais clientes ou investir em marketing para divulgar suas marcas, como forma de aplacar a dor causada pela cegueira de simplesmente não conseguirem manter seus times ativos.

Sigo encontrando aos montes, líderes que entendem seus cargos como a possibilidade de distribuir ordens, sentindo um enorme prazer com comando, controle e o poder para determinar rotinas massacrantes.

Exercendo suas funções de forma completamente desconectada com seus times. Ou pior, agindo com atitudes grotescas no dia a dia de tal maneira, que só fazem aumentar a distância entre gestores e liderados.

Confundindo energia com hostilidade e agressividade. Pessoas que ocupam cargos que deveriam ser usados para difundir conhecimento, usando o pouco que tem, para desiludir com atitudes equivocadas, os que ainda sonham com tanto no início de suas carreiras.

Gritos, assédio moral, falta de tato ou a total incapacidade de um simples gesto de atenção e amor, só fazem crescer um único indicador: o turnover!

A escolha por liderar não pode ser desejada por quem espera uma posição acima das demais. Não pode ser almejada apenas por conta de um salário maior, que cargos de maior responsabilidade consequentemente possuem.

Ou por quem executa muito bem suas funções. Estar em posição de liderança, não deve ser entendido como um próximo passo para cima. E, principalmente, não pode ser dada a quem não tem intenção de doar! Jamais pode ser dada a quem não gosta de gente.

Liderar na hospitalidade, indica uma escolha. A escolha por compartilhar! Conhecimento, visão e direcionamento. Ser feliz com a felicidade dos outros. Pelo prazer que dá ver gente crescendo e se desenvolvendo. Pelo orgulho de impactar carreiras e vidas, deixando um legado. Por marcar as pessoas com pequenos gestos cotidianos de respeito e carinho. Por tornar o ordinário, extraordinário.

 Assim como pais e mães que educam seus filhos. Trabalho árduo, contínuo e de longo prazo. Com começo, meio e sem fim. Pais jamais abandonam seus filhos em momentos de dificuldade, quando cometem erros ou quando perdem a direção.

Pais orientam, dão o tom, abraçam. Pais corrigem ao invés de punir. Não há por que agir diferente em nossas empresas. Precisamos entender e nos relacionarmos com cada membro de nosso time como um indivíduo completo, com tudo que tem de bom e de ruim.

Com todas as qualidades e defeitos, virtudes e imperfeições. Com toda sua história e bagagem. E não apenas como uma simples peça na engrenagem de uma máquina que faz tudo funcionar.

Liderar traz uma responsabilidade enorme. Pois dá-se a essa pessoa a missão de cuidar de carreiras. E carreiras mudam vidas. Carreiras bem formadas, geram seres humanos bem-preparados, maduros, capazes, seguros de si, autoconfiantes e respeitosos.

Cientes de seu papel na sociedade. Tornamo-nos melhores a cada dia num processo natural de evolução e melhoria contínua. Assim como previu Charles Darwin.

Carinho e cuidado é uma premissa para quem escolhe viver da hospitalidade. Fazer todo o bem possível com atenção e gentileza.

Trocar sorrisos e ter a possibilidade de mudar e encantar o dia das pessoas. Servir ao próximo como meio de vida é muito do que o mundo precisa hoje em dia e tanto vemos faltar em nossas relações humanas. Por um mundo com mais hospitalidade!

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